A Importância das Equipas Sub-23 no Futebol Distrital

O futebol distrital é a base do desenvolvimento de jovens talentos e um pilar fundamental para a dinamização do desporto. No entanto, um dos desafios recorrentes enfrentados pelos nossos clubes é a transição dos jovens jogadores para o futebol sénior. Neste contexto, as equipas sub-23 emergem como uma solução estratégica e fundamental para garantir a continuidade da formação e a evolução dos atletas.

A existência de um escalão sub-23 permite que os jogadores que terminam a sua formação nas camadas jovens possam continuar a competir num ambiente adequado ao seu desenvolvimento. Muitos talentos promissores veem-se frequentemente sem espaço nas equipas seniores, seja pela concorrência com jogadores mais experientes ou pela exigência imediata de resultados. Assim, o sub-23 funciona como uma ponte essencial para o amadurecimento dos jovens jogadores, evitando que abandonem precocemente a prática competitiva e contribuindo significativamente para aumentar a retenção de atletas na transição de júnior a sénior.

Outro fator crucial é a competitividade do futebol distrital, que se beneficia com a inclusão de mais jogadores preparados para integrar as equipas principais. Os clubes passam a ter uma bolsa de talentos prontos para serem chamados ao plantel principal conforme as necessidades, garantindo uma transição mais natural e sustentável.

Além disso, o prolongamento da ligação aos clubes seus formadores, estou certo que promove uma identidade clubística mais forte. Esta continuidade entre formação e equipa sub-23 também motiva os jovens a permanecerem no clube, criando um maior sentido de pertença e compromisso.

A promoção da implementação de equipas sub-23 pela AF Braga foi promovida através de implementação regulamentar especifica. Atualmente temos um regulamento para as equipas B, com regras bem definidas, que, por exemplo, permite que atletas não sub-23 das equipas principais possam trabalhar a sua forma física e recuperar ritmo competitivo nestas equipas. Esta flexibilidade é benéfica tanto para os jogadores mais experientes como para os jovens, uma vez que possibilita uma troca de experiências enriquecedora e mantém o nível competitivo elevado.

No entanto, a criação de equipas sub-23 enfrenta alguns obstáculos. Um dos principais desafios é a falta de recursos financeiros dos clubes, que muitas vezes têm dificuldades em suportar os custos adicionais de manter uma equipa extra. Para superar este problema, podemos todos pensar na criação de incentivos financeiros, como subsídios ou redução de taxas de inscrição de forma a facilitar a adesão dos clubes a este escalão.

Outro obstáculo significativo é a resistência cultural dentro dos próprios clubes, que podem não ver um escalão sub-23 como prioritário. Para contornar esta questão, é necessário sensibilizar dirigentes e treinadores sobre os benefícios a longo prazo desta estrutura, mostrando exemplos de sucesso e promovendo formações especializadas.

Além disso, a escassez de infraestruturas adequadas é uma entrave significativa, pois muitos clubes não dispõem de instalações suficientes para acomodar mais uma equipa. Para solucionar este problema, a colaboração entre clubes vizinhos e o investimento em infraestruturas comunitárias pode ser uma alternativa viável.

Por fim, a manutenção de uma equipa sub-23 incentiva um maior investimento em infraestruturas e na qualificação de treinadores, o que eleva o nível técnico do futebol distrital como um todo. Com um trabalho bem estruturado, os clubes podem colher frutos a médio e longo prazo, consolidando-se como referências na formação e na competitividade distrital.

Em suma, as equipas sub-23 desempenham um papel essencial no crescimento do futebol distrital, proporcionando uma transição mais eficiente para o futebol sénior, fortalecendo os clubes e fomentando o desenvolvimento sustentado da modalidade. É fundamental que cada vez mais clubes façam como o Sport Clube Maria da Fonte, CD Celeirós, GD União Torcatense, CCD Santa Eulália e CCD Desportivo de Ronfe e apostem nesta estrutura, garantindo um futuro mais promissor para os seus clubes e naturalmente para o nosso futebol distrital de Braga.

Miguel Azevedo | Vice-Presidente da A.F. de Braga